Chayenne é Paciência nos Jogos Olímpicos de Tóquio
Mulher, negra, situação financeira difícil e moradora da Zona Oeste. Com apenas 21 anos, Chayenne Silva descobriu desde cedo que nada seria fácil. Contra todas as dificuldades que a vida lhe impôs e as muitas vezes em que ouviu que não seria possível chegar longe, a velocista brasileira não se abalou. Desde os tempos em que era atacante do time de futebol da escola, em Paciência, até dar os primeiros passos no atletismo na Vila Olímpica Oscar Schmidt, em Santa Cruz, a carioca decidiu que o seu destino dependia apenas da própria vontade. E o resultado do seu esforço está explícito: na próxima sexta-feira, ela segue para representar o Brasil nos 400m com barreiras nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que começam dia 23 de julho.
Mulher mais rápida do país na modalidade (55s15), quebrando um recorde que durava 12 anos, Chayenne usa os últimos dias no Rio para treinar no equipamento da Prefeitura, em Santa Cruz, e assimilar a realização do maior sonho da vida.
– Disputar a Olimpíada é o sonho de qualquer atleta, é o auge. Quero fazer o melhor possível, brigar por uma medalha, mas me sinto com uma missão cumprida: a de mostrar que a gente pode. A gente que é mulher, é preta, é da Zona Oeste, passa por dificuldades. Minha família nunca pensou em desistir. Hoje eu me vejo como um exemplo para crianças, mulheres… A gente pode chegar longe. Eu estou indo para Tóquio por todas nós – diz Chayenne, sem conseguir esconder a emoção.